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SP Fashion Week N42 :: Uma conversa com Johnny Hooker

Entrevista por João França
Texto e edição por Vikki Góis (@vikkigois) https://www.instagram.com/vikkigois

Durante sua passagem pela SP Fashion Week, conversamos com o cantor John Donovan, mais conhecido como Johnny Hooker. O vencedor do prêmio da música brasileira – também compositor, ator e roteirista – inspira uma geração de jovens a serem eles mesmos, unindo a mensagem de suas músicas com um visual poderoso. Confira o bate-papo:

AG: Você tem uma maquiagem que é super referência – inclusive, entre seus próprios fãs – e tem um visual andrógino como sua própria marca. Como é isso pra você?

JH: Eu acho o máximo quando as pessoas se montam para ir ao meu show. Fico muito honrado, porque, de alguma maneira, meu trabalho despertou uma liberdade nelas de ser e de experimentar. Isso me deixa profundamente emocionado. Agora, a coisa da androginia… Minha mãe sempre foi muito andrógina. Você idolatra aquela figura. Ela também é artista, então eu meio que fui pegando as referências dela. David Bowie, por exemplo… O que mais me atrai na androginia é a linha de estar entre uma coisa e outra. Que não é homem nem mulher, nem extraterrestre… É uma coisa especial; é uma criação sua. Não é uma diva do pop, você não está fazendo um esboço daquela mesma coisa, você está tentando criar uma coisa que é sua expressão, então, eu acho isso muito legal. Até quando as pessoas
se montam para ir ao meu show, elas sempre se inspiram em mim, mas se montam como elas, como elas gostam, o que realça melhor o corpo delas, o rosto delas…

AG: Seus fãs, por exemplo, te veem como inspiração. Olham sua liberdade de expressão e acabam criando a liberdade deles e se sentem confortáveis para se montar e ser quem eles quiserem. Temos visto muito isso na passarela. Os estilistas não criam mais para um único gênero. Na sua visão, como o mundo está recendo isso?

JH: Eu acho que isso é geracional. Está vindo uma geração de jovens que realmente experimenta, seja trabalhando na vida ou nas artes… Está vindo uma geração com mais conscientização a respeito da liberdade, da sua própria liberdade. E eu lembro que, há muito anos, eu li um livro da sexóloga Regina Navarro e ela falava que, no futuro, daqui a 10/15 anos, as linhas entre o masculino e o feminino iam começar a se diluir. Eu estou muito feliz em estar vivo, fazendo parte desse momento. Isso é muito positivo, até porque, quebra várias coisas do machismo, várias coisas da misoginia.

Você vai cruzando as coisas e, enquanto você cruza, você as quebra. Então, estou feliz de estar vivo nesse momento. Acho que o mundo está preparado para receber isso. Existe muito conservadorismo e muita caretice no mundo e, se não for misturando e quebrando a roda, não anda.

AG: E, se você pudesse dar uma dica aos nossos leitores, o que seria?

JH: Que eles sempre desbundem da vida deles e que eles sejam sempre quem eles são. Melhor do que ser você mesmo é ser sua própria criação. Então, sejam suas próprias criações, maravilhosos, e brilhem muito!

SP Fashion Week N42 :: Uma conversa com Johnny Hooker

SP Fashion Week N42 :: Uma conversa com Johnny Hooker

Foto: João França

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