Por Letícia Santana
Muito se fala sobre como a moda ficou repetitiva, cansativa e virou um círculo infinito. E, realmente, devo concordar que muito se tornou igual: lojas, marcas, pessoas que estão sempre reproduzindo as mesmas imagens… Um sem fim de obviedades que nem sempre me surpreendem e sobre as quais eu sempre bocejo: “de novo isso?!”.
Há quem culpe o cool hunter, aquela pessoa que vai antecipar o que as pessoas vão desejar, ver, consumir e vestir. É uma pessoa atenta, observadora, 24h por dia conectada ao que os outros falam, vestem, comem, escutam, apreciam, visitam, lêem e fotografam. É um trabalho tão importante quanto criar a coleção em si, porque essa pesquisa feita com anos de antecedência é o que direciona a criação das estampas, o design das roupas e até a composição do styling de um catálogo.

Por menos padrão e mais emoção
Mas, ó, vou contar um segredo: dá para usar as mesmas tendências que todos usam e ainda assim ficar diferente. Ou seja, a culpa não é do cool hunter. Na verdade, a culpa está mais para quem consome e veste mesmo. É só pensar fora da caixinha e fazer o exercício de sair do lugar comum. Ok, é verdade que ninguém precisa sair da zona de conforto se não quiser, mas também é verdade que é preciso saber diferenciar o que é gostar de moda do que é gostar de roupa. E quem só gosta de roupa tende a consumir e reproduzir fórmulas fáceis, sem se dar o prazer do erro.
Calças, saias, blusas, vestidos… Todas essas peças já foram inventadas há séculos. O trabalho do estilista é reinventar em cima de formas já consolidadas. Se as grandes marcas conseguem fazer verdadeiras revoluções estéticas em cima de modelos já estabelecidos, então a nossa capacidade como consumidor pode ser igualmente revolucionária. O propósito é trazer possibilidades diferentes de usar a mesma coisa. Vestir um conjunto exatamente como o da vitrine faz a gente ter a certeza de que a moda estagnou, o que não é verdade.

Por menos padrão e mais emoção
A criatividade humana é um dom sobrenatural. A nossa missão no mundo deveria ser criar. Somos geniais nisso. E a moda, como trabalho artístico, deve ser reverenciada e contemplada com muita admiração. A moda não precisa ser perfeita. Precisa ser algum tipo de sentimento, seja de estímulo, seja de estranheza, seja de surpresa.
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