Mais do que moda!

O efeito Burkini

Por Carmem Marinho

Por que um traje ainda causa tanta polêmica nos dias atuais, quando todas as barreiras estéticas, relativas à indumentária, pareciam ter sido ultrapassadas?
Quinze cidades Francesas, como Cannes e Nice, proibiram o uso do chamado “Burkini” em suas orlas. Este traje, criado pela estilista australiana Aheda Zanetti, é uma adaptação da tradicional Burca, usada por algumas mulheres muçulmanas para ir à praia e praticar esportes. Composto de calça e blusa de mangas longas, com uma espécie de capuz ajustado à cabeça, cobre todo o corpo, deixando apenas mãos, pés e rostos à mostra.
Em geral, as autoridades justificam o ato dizendo que o traje transforma as mulheres em alvo e causa confusão. No entanto, é de se lamentar quaisquer proibições que impeçam, mesmo que indiretamente, as muçulmanas de frequentarem essas praias, de curtirem um banho de mar do jeito delas, respeitando sua cultura e religião.
Concomitantemente às proibições na França, o Burkini ficou em evidência nas Olimpíadas Rio 2016. A dupla de vôlei de praia do Egito, Doaa Elghobashy e Nada Meawad, competiu vestindo o traje, bem diferente do uniforme usado nesta modalidade esportiva.
De um corpo aparentemente livre a um corpo desenhado por dogmas religiosos, no qual as subjetividades e a sensualidade são proibidas, evidencia-se a distância que insiste em diferenciar a realidade das mulheres num mundo globalizado. Contraponto registrado por uma das fotos mais marcantes das Olimpíadas.

O efeito Burkini

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Imagem: Reprodução.

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