Por Paulo Ricardo
Digo com tranquilidade: o longa de Madiano Marcheti é um dos melhores filmes da atual safra do cinema brasileiro.
Ele trata de um assunto urgente num país que traz a triste estatística de ser um dos que mais mata pessoas trans: o crime de transfobia.
Mas a história é contada de maneira delicada, em que pese o tema, e enigmática. Não segue a cartilha e os clichês de um filme denúncia, mas nem por isso é menos contundente.
Quando começa a história, o crime já aconteceu, e de Madalena só vemos o corpo abandonado em meio a uma plantação de soja, na sequência inicial do filme, e as lembranças dos que a conheceram, a sua casa e seus objetos, seu gato de estimação e a música de Tetê Espíndola tocando em seu notebook esquecido num canto do quarto.
Entramos em contato com três personagens distintos que são visitados pelo espírito de Madalena; Luziane, a filha da costureira, Cristiano o filho do fazendeiro, e Bianca uma mulher trans.
O sensorial e o metafísico conduzem a trama que tem lugar numa pequena cidadezinha do Mato Grosso, em meio às plantações de soja e ao conservadorismo do local.
Um filme para sentir e pensar. Está na Netflix e em outras plataformas de streaming.



Fotos: Reprodução.