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Jackie Kennedy e seu “falso” tailleur rosa sujo de sangue

Por Rosângela Espinossi

Todo mundo sempre achou que o emblemático tailleur rosa que Jacqueline Kennedy vestia quando seu marido, John Kennedy, foi assassinado naquele fatídico 22 de novembro de 1963, em Dallas, era um Chanel autêntico. Não é para menos. A estilista francesa Coco Chanel quando reabriu sua maison, em 1954, para se opor aos metros e metros de tecido do New Look Dior, lançou seus tailleurs mais secos de tweed.

A famosa peça voltou a ficar em evidência com a estreia de “Jackie”, protagonizado por Natalie Portman e que retrata os dias que sucederam o crime. O filme teve três indicações ao Oscar: melhor atriz, melhor trilha sonora e melhor figurino. Neste quesito, há um reconstrução magnífica dos looks de Jackie. E para espanto de muitos, o tailleur não era um original Chanel. Foi confeccionado pela casa americana Chez Ninon, ao que tudo indica, com a autorização da própria Chanel, que teria enviado tecidos e botões para os Estados Unidos, segundo Justine Picardie, autora do livro Chanel, Her Life.

Jackie Kennedy e seu “falso” tailleur rosa sujo de sangue

Para o atual diretor da Maison francesa, Karl Lagerfeld, ele é falso mesmo. “Era falso, uma cópia linha por linha feita por (Oleg) Cassini. Jacqueline teve verdadeiros Chanel, encomendados pela sua irmã. Temos todas as provas.”, afirmou Lagerfeld. Cassini era estilista preferido da primeira-dama americana.

Polêmicas à parte, o tailleur “tipo Chanel” é uma das peças mais emblemáticas do filme. E mesmo com a afirmação de Lagerfeld, a Chanel atual ajudou Melanie Fontaine a produzir os cinco exemplares usados nas filmagens, cedendo botões e ajudando na escolha dos tecidos.

Jackie sabia que sua imagem dizia muito mais do que mil palavras. E nunca foi pega desprevenida no quesito vestuário, nem mesmo enquanto ocupou a Casa Branca (está certo que quando casada com Onassis, foi flagrada tomando sol de topless numa ilha grega). A película dirigida por Pablo Larraín é impecável neste quesito. O trabalho de Melanie Fontaine, cujo ateliê fica em Paris, prima por reproduzir quase tal e qual as peças usadas por Jacqueline Bouvier Kennedy.

Jackie Kennedy e seu “falso” tailleur rosa sujo de sangue

Claro que foco do filme são os momentos de agonia que Jackie viveu após a morte do marido, mas não tem como tirar a importância do “falso” tailleur Chanel rosa neste momento. Na viagem de volta a Washington, ela se recusou a trocar de roupa: “Que vejam o que fizeram”, ao se referir às manchas de sangue. Todos vimos e o tailleur se transformou numa peça de resistência e numa demonstração de força dessa mulher. A roupa, porém, está afastada dos olhos dos mortais até 2103, por determinação da família. Enquanto a peça permanecesse guardada numa câmara fria, para não se deteriorar, fica na memória de todos nós o chocante acontecimento daquele dia, quando o rosa-choque se misturava ao vermelho-sangue.

Jackie Kennedy e seu “falso” tailleur rosa sujo de sangue

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Fotos: Reprodução.

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