Por Lelê Santhana
Na última semana, se deu início a mais uma temporada de moda. O verão 2020 chega com a promessa de uma possível reestruturação na indústria. Depois de momentos conturbados e de transformações, as marcas vêm tentando se alinhar ao novo momento mundial, estando mais conectadas, tecnológicas e conscientes. Ademais, com a falência do modelo tradicional de desfiles, algumas labels felizmente arriscam, preparando verdadeiros shows, no intuito de aliar moda ao entretenimento. Quem deu o start, como manda o costume, foi Nova York. Nessa edição, em um formato reduzido, a fashion week aconteceu entre os dias 06 e 14 de setembro. Confira os highlights:
Depois de algumas edições sem arriscar e apresentando apenas coleções que revisitavam os seus grandes clássicos para não ter erro, a Ralph Lauren decidiu se aventurar um pouco. Inserindo o smoking masculino no guarda-roupa feminino, em suas mais diversificadas variações, a marca resgatou o glamour da noite dos anos 20, mostrando que a elegância segue respirando. Na passarela, dominaram looks majoritariamente pretos, mas há também espaço para as cores primárias em alguns momentos. Com uma apresentação ao vivo da cantora norte-americana Janelle Monáe, o designer explica: “não existem mais lugares para vestir roupa. Então, estou criando um lugar para vestir moda. A vida é a verdadeira pista”, afirmou em entrevista ao WWD.
Tomar as rédeas de uma casa de moda já estabelecida é no mínimo intimidador, mas a cada coleção Wes Gordon se mostra mais competente. O atual diretor criativo da Carolina Herrera vem sabendo, como ninguém, manter o DNA da marca, identidade essa que já é tão enraizada no nosso imaginário. Porém, inserindo uma dose fresca e contemporânea que a marca tanto precisava. Nessa coleção, Gordon explora como a mulher CH é descaradamente feminina, porém sem cair em clássicos óbvios e muito menos caretas. A alfaiataria aparece renovada, as mangas ganham um volume extra e a estamparia é dominada pelo tie-dye. Cada uma dessas tendências é estrategicamente pensada para criar uma coleção com peças desejo e que sejam potentes, comercialmente falando.
A Tommy Hilfiger, por sua vez, apresentou um dos desfiles com maior diversidade na história da moda. Em sua segunda colaboração com a atriz Zendaya, a marca se inspirou na cena musical essencialmente negra que aconteceu durante a década de 70, nos Estados Unidos. O casting transbordava representatividade, incluindo a gravidíssima Ashley Graham e a modelo de 67 anos JoAni Johnson. Em um verdadeiro show de música e tecnologia, cada detalhe da experiência foi pensado para render bons posts no Instagram, apostando no formato de vendas See-Now, Buy-Now.
A passos lentos, a indústria da moda começa a entender o que precisa ser feito para se manter em alta. A temporada segue nos próximos dias por Londres, Milão e Paris.
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Fotos: Reprodução/