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Highlights da Alta-Costura – Inverno 2019

Por Lelê Santhana

Na última semana (30/06 a 04/07), aconteceu em Paris, como manda a regra, a temporada de alta-costura. As grifes que estão de acordo com as exigências deste setor tão tradicional da moda tem a responsabilidade de ir além do ready-to-wear e entregar sonho, fantasia e magia. Dessa vez, apresentando o inverno 2019, o trabalho minucioso desenvolvido ao longo de meses pelos mais talentosos artesãos do mundo, chamou atenção pelas mudanças de posicionamento. Confira os highlights:

Iris Van Herpen é provavelmente um dos melhores exemplos de como fazer alta-costura em 2019. Aliando moda à tecnologia, a holandesa convida engenheiros, cientistas e artistas para colaborarem, resultando em peças inovadoras que em movimento parecem flutuar pela passarela. Dessa vez, denominada “Hypnosis”, a coleção teve como inspiração o trabalho do escultor americano Anthony Howe. Uma das peças-chave é o vestido “Infinity”, uma construção ativada pelo vento que lotou o feed de todos fashionistas. Sobre o seu trabalho neste setor, Iris é direta: “Isso é alta-costura. Você não verá essas roupas nas lojas na semana que vem, mas, sim, o princípio por trás delas”, comentou em entrevista à Vogue.

A Valentino é outra que entende como injetar uma dose fresca de contemporaneidade neste setor tão conservador. Depois do desfile emocionante na temporada anterior, dessa vez Pierpaolo Piccioli preparou uma viagem pelas diferenças que unem os indivíduos: “Eu amo essa idéia de todas as pessoas, combinações de identidades. É sobre raízes. É sobre o abraço de diferentes culturas juntas. É sobre os seres humanos”, explicou. Na passarela, dominam as cores super saturadas, os mega laços, as paisagens impressas, as proporções exageradas e os bordados texturizados. No casting estava Lauren Hutton, modelo de 75 anos, mostrando que a moda deve ir muito além da juventude.

Sendo a primeira coleção de alta-costura da Chanel assinada por Virginie Viard, já se pode perceber inúmeras mudanças implementadas pela sucessora de Karl Lagerfeld. No primeiro momento, looks que carregam o DNA da marca parisiense dominam, com pequenos acréscimos novos, como ombreiras e aplicações florais, marcando a assinatura da nova designer. Porém, já na segunda metade do desfile, looks bastante ousados para os parâmetros Chanel aparecem, criando uma mudança brusca nos códigos já tão reconhecíveis da maison. Assumir a direção criativa de uma grande casa de moda não é uma tarefa fácil, ainda mais se tratando de uma que contou com apenas dois estilistas durante toda a sua história. Virginie terá muito trabalho pela frente e é normal que no início haja algumas crises de adaptação, mas o caminho não pode e nem deve ser de grandes transformações, como pareceu nesse desfile.

Diante de tantas mudanças na indústria da moda, a forma de fazer alta-costura também vem se redesenhando. Apesar de ainda não ter existido uma revolução neste setor, inovações tem sido cada vez mais presentes. Mudanças nas estéticas apresentadas também têm sido frequentes: se antes a opulência reinava, agora a sutileza está dando as caras.

Instagram: @lelesanthana

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