Mais do que moda!

E a Zara, hein?

Por Debora Machado, direto do QG do agrund.com.

Se você tem o mínimo interesse em moda e entrou na internet – ou ligou a tv, leu o jornal, entrou no twitter ou foi trabalhar – nas últimas 48 horas, com certeza ouviu as palavras “zara” e “trabalho escravo”. No último programa A Liga, da Band, os repórteres mostraram oficinas de costura que foram denunciadas por condições precárias de trabalho. Nestas oficinas trabalham centenas de bolivianos e outros imigrantes ilegais todos os dias, por 16 horas com poucos minutos para ir ao banheiro ou comer. Os salários pagos são mínimos, e a estadia (que significa um colchão no chão), a comida e os materias usados para trabalhar são descontados na soma final.

A pior parte? Infelizmente  nada disso é novidade.

Desde o início dos anos 90 empresas ilegais trazem bolivianos (ilegalmente)  para o Brasil com a promessa de um futuro melhor. Os imigrantes continuam acreditando nessa história e depois de anos nessas condições de trabalho alguns ainda dão continuidade à este crime, e abrem suas próprias oficinas ilegais. Quem vai julgá-los? Em suas mentes esse é um padrão aceitável de trabalho,é o único que já tiveram.  Mas e a Zara com isso ? Durante o programa da Band eles flagraram algumas peças sendo produzidas nestas oficinas, e a etiqueta mostrava claramente o logo da marca espanhola.

Depois disso vocês já devem imaginar o que aconteceu: declarações furiosas, com razão, no twitter. Boicotes, com razão, no facebook. Já as ações da Zara continuaram subindo…O motivo? Essas condições terríveis de trabalho não são nenhuma novidade para quem conhece bem a indústria têxtil. E infelizmente, as mesmas oficinas que produzem para a Zara – e diversas outras oficinas espalhadas pelo país – produzem para centenas de outras lojas que devem estar no nosso guarda-roupas e a gente nem sabe.

Já se esqueceram de quando uma oficina nos mesmo padrões foi flagrada produzindo para a C&A? O nome da Marisa também apareceu nas denúncias… E os produtos made in china?

O documentário China Blue mostra o “trabalho escravo” nas confecções chinesas.

Bom, no fim as grandes marcas simplesmente soltam notas de desculpas e contam como foram enganadas por seus fornecedores, o que pode até ser verdade, mas essa pratica continua. Há quem vá boicotar a Zara. Há quem nunca mais vá colocar os pés em uma loja fast-fashion. E também há aqueles que não tem muito dinheiro, e mesmo assim querem se vestir bem. E esses, como ficam? De nenhuma maneira achamos que “se vestir bem com pouco” é justificativa para submeter pessoas à trabalhos semi-escravos, mas pensando nisso vemos o porque isso acontece.

Resumo disso tudo?

O problema vai muito além da Zara.

As lojas que vendem produtos de pouca qualidade com preços absurdos são tão culpadas quanto qualquer Zara.

O mercado fast-tudo da moda é tão culpado quanto a Zara.

Qualquer pessoa que coloque seus próprios lucros acima de tudo é tão culpada quanto à Zara.

E a gente, que as vezes acha que é importante ter um look novo todo dia e renova o guarda-roupa a cada 15 dias também é tão culpado quanto a Zara.

8 Comentários

  1. Vc levantou uma questão, que nos deixa de mãos atadas.Porque, nus não podemos andar,mesmo sendo fast-fashion ,ainda é caro comparado ao nosso salário mínimo.Como vc, diz ,todos nós somos culpados, devido ao regime capitalismo que estamos inseridos .Como mudar?Exigindo nas etiquetas , que não é usado trabalho escravo e nem por conta disso, somos culpados em pagar preços ALTOS, pois, uma calça que sai a 0,26 centavos, nunca poderia ser vendida a R$ 200,00.

  2. Larissa Popp /

    tem a questão dos impostos também.. a gente sabe que a diferença que a zara / marisa / etc ganham não é o preço final menos o preço pago à costureira.. tem milhares de outros custos até chegar nas prateleiras, grande parte deles impostos que vão pros cofres públicos e pros bolsos dos políticos sem a gente ter nada em troca. Por outro lado, não justifica colocar uma margem enorme.. quando a gente viaja vê que o preço da Zara é muito baixo, e tudo made in china, em condições iguais às que foram mostradas na tv.. mas nunca custa tão caro quanto no Brasil, mesmo convertendo em reais. Já vi peças idênticas por 29 euros em Bruxelas e 300 reais em São Paulo. é muita diferença!
    Ninguém fala também sobre o quão caro é contratar pessoas em regime CLT no Brasil.. infelizmente é um país com uma cultura paternalista em que os trabalhadores são sempre os coitados e para cada real que vc paga em salário, paga mais 0,80 centavos em impostos (não estou defendendo trabalho escravo, pelamordedeus!).
    se a gente pensar bem, o problema é muito maior que isso.. é um problema inerente do capitalismo e da forma como o mundo funciona.. na Europa se trabalha 6 horas pra ganhar um salário mínimo de 1500 euros em alguns países.. aqui as pessoas trabalham muito mais e ganham muito menos. por quanto tempo isso se sustenta? o preço da comida já é preocupante pra eles, pq colocam 40% do orçamento europeu pra ajudar agricultores sem condição de vender alimentos a preços competitivos, aí os brasileiros q tem mais tecnologia vendem mais barato pra competir.. e isso se reflete aqui também, pagando pouco pros funcionários.
    enfim, está longe de ser um problema que se resolve com boicote e barulho nas redes sociais.. muita ingenuidade ver desse jeito.

  3. É exatamente o que penso… isso td ñ é só a Zara, são mtas marcas que estão por trás disso!!!! E o governo que também sabe e ñ faz nada… isso é novidade!!! E as coisas nunca mudam infelizmente!
    A matéria ficou incrível.. arrasaram!!!

  4. Tâmara Guzmán /

    Apoiada!! Acho é o momento de rever conceitos!!!

  5. a gente q paga as peças e confia na marca não é tão culpado qto a zara! a zara q erra 2x por se deixar “enganar” e por fazer o cliente se sentir culpado por usar frutos do erro dela.

  6. Poucas são as pessoas que tem coragem de se arriscar e abrir um negócio, criar uma marca, desenvolver um produto e enfrentar o mercado. Conquistar o público é uma tarefa árdua, que exige tempo, disposição e estudos para melhor agradar. Ao assumir um empreendimento, é fundamental prezar pelo bem estar social, independente da área de atuação. É obrigação do empresário gerar renda a pessoas menos favorecidas, proporcionar bem estar a elas para que ele tenha o retorno que almeja. Estes são verdadeiros líderes! Sim, pensam no seu bem estar, na sua fortuna e no seu lucro, entretanto NINGUÉM tem o direito de explorar outro ser humano, aproveitar de sua ignorância para aumentar sua riqueza. Eu faço parte da humanidade, vc também! Nós precisamos uns dos outros para manter a vida no planeta, por tanto todos somos responsáveis uns pelos outros, pelo meio ambiente e o egoísmo apenas traz solidão e fracasso. É inadimissível q empresas conceituadíssimas tenham atitudes tão primitivas. E vc consumidor dessas marcas, vai continuar achando que está adquirindo o melhor produto do mundo? Desculpe a franqueza, mas vc está contribuindo para derrotar tdo o que já foi conquistado por intensas lutas por nossos ancestrais pelos direitos humanos. Não deixe a humanidade regredir, vamos crescer, oks!

  7. Adorava a Zara, mas realmente, na Europa, lá tudo é barato, loja popular, mas antenada. E, aqui, esse absusdo consumista fashion faz as pessoas consumirem freneticamente, sem questionar o valor do que está consumindo!
    Agora, serei mais uma a não adquirir produtos da Zara, que confesso, gostava bastante!
    Por isso, ao invés de seguir a moda, faço a minha moda! talento e personalidade eu tenho pra isso! ☺

  8. fala qual o jeito que as baixinhas podem parecer mais altas e as cores as cores claras tbm serve pra pessoas morenas ?e sapatilhas nos favorece ?

Deixe uma resposta para LuBertollino Cancelar resposta