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Crip Camp: Revolução pela Inclusão

Por Paulo Ricardo 

Um dos melhores filmes na disputa do Oscar 2021 está concorrendo na categoria de documentário. “Crip Camp: Revolução pela Inclusão”,  traz o selo da Netflix em mais uma produção do casal Obama, que já saiu vencedor da mesma categoria no ano passado com o documentário “Indústria Americana”. O documentário, dirigido por Nicole Newnham e Jim LeBrecht, conta sobre uma revolução nascida do encontro e do afeto de jovens no início dos anos 70 no Camp Jened, um acampamento de verão localizado no estado de Nova York. O acampamento era, em vários aspectos, igual a qualquer outro de adolescentes, com música, jogos  brincadeiras e aquele clima de paquera no ar,  não fosse um único detalhe da maior importância: os jovens lá eram todos portadores de deficiência que encontraram nesse lugar o acolhimento que não havia para eles na sociedade do lado de fora daqueles muros. O Camp Jened foi inspirado no festival de Woodstock e serviu para quebrar paradigmas de comportamentos de uma sociedade conservadora da época. 

Na primeira parte do filme conhecemos vários personagens em imagens de arquivo, feitos de maneira caseira pelos participantes do acampamento, o próprio diretor LeBrecht era um deles, e outros que tornaram-se importantes ativistas, como Jude Heuman, principal articuladora do movimento Ocupação 504 em 1977, no qual ela liderou um grupo de quase 150 pessoas com deficiência ocupando o prédio do Departamento de Saúde de São Francisco para que fossem executadas as diretrizes da lei 504, que conferia direitos iguais às PCDs – e esta é uma das sequências mais incríveis, onde o clima do acampamento é revivido e contagia positivamente a sociedade para a causa. Um grupo dos Panteras Negras inclusive entra na luta, fornecendo alimentação necessária ao grupo acampado. Heuman, hoje com 72 anos, foi também assessora especial para assuntos ligados aos Direitos da Pessoa com Deficiência no governo do ex-presidente Obama. 

Os depoimentos e entrevistas dessa segunda parte do filme nos revelam como a experiência dos dias vividos no acampamento alimentou um senso de comunidade nos jovens e de como foi o pontapé inicial para a luta do movimento estadunidense pelos direitos das PCDs, tendo a luta e as conquistas reverberadas mundo afora.

Aquele acampamento inspirou os jovens no engajamento e luta não só pela inclusão e acessibilidade das PCDs, mas também em lutas relativas a outros movimentos sociais, como o Movimento Negro e o Movimento LGBT. Dalí saíram ativistas e profissionais de várias áreas e patentes. 

Sem dúvida um filme inspirador, carregado de esperança e de fé na luta.

Crip Camp: Revolução pela Inclusão
Crip Camp: Revolução pela Inclusão
Crip Camp: Revolução pela Inclusão
Crip Camp: Revolução pela Inclusão
Crip Camp: Revolução pela Inclusão

Fotos: Reprodução.

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