Por Paulo Ricardo
Se você ainda não viu, recomendo. Está na Netflix.
“Você olha mais pro mar do que pra mim”
Ada está prometida a um noivo rico, mas ela ama Suleimane, que embora ame Ada, só tem olhos para o mar e o desejo de partir. É a diáspora contemporânea africana empurrando seus jovens ao mar.
O enredo de ‘Atlantique’ parece também um acerto de contas com o passado, por todos os corpos pretos no fundo do oceano, desde os sequestros coloniais.
“Deixem-me ir. Eu já entreguei o dinheiro”
“Você vai ter que cavar as nossas covas”
Drama-social-sobrenatural?! Mati Diop dá um nó nos rótulos de gênero e nos oferece um filme hipnótico e mágico, carregado de elementos afrosurrealistas.
Uma experiência que lança mão do som, da música, da luz ou da contraluz e de recursos digitais como elementos de linguagem que servem pra conduzir uma história onde a crítica social e de costumes andam de mãos dadas com o sobrenatural, rompendo os limites de gênero de uma maneira que não tem como a gente não se deixar levar e acreditar piamente em tudo que está vendo.
O filme fez história em Cannes ao ganhar, em 2019, o ‘prêmio do júri’; fazendo de sua diretora a primeira mulher negra premiada no Festival.
Fotos: Reprodução.