Na semana passada aconteceu a trigésima sexta edição da São Paulo Fashion Week, o evento de moda mais importante da América Latina. Milhões de reais são movimentados e muitos empregos diretos e indiretos são gerados. Mas o que nós queríamos ver era moda. E muitas marcas deram um show de criatividade num mundo onde parece que não há mais o que se criar. Alguns estilistas voltaram os olhares para suas raízes enquanto outros buscaram entrar no conflito entre o conforto e o estilo. Então vamos lá sem perder tempo!
Alexandre Herchcovitch buscou inspiração nos homens fortes do cangaço. A cultura nordestina está em alta porque o sertão inspirou alguns bons criadores. Na passarela, um Lampião gótico e cheio de bossa com tiras e volumes que lembram roupas do cangaço. Os casacos mais longos com lã e couro têm abotoamento duplo e lapelas largas – características das vestimentas dos soldados – e prometem proteger do frio ao lado de tricôs mais grossos.
A marca Amapô, conhecida por seus jeans super confortáveis, foi lá para o sertão e trouxe sua versão de vaqueiro urbano. Nas roupas, um belo mix de texturas de couro e pêlo com estampas e modelagem democrática que vai da mais ampla a mais slim e próxima ao corpo. O look jeans total é muito inspirador.
A Cavalera fez uma viagem ao oriente e trouxe um ar mais punk para a cultura islâmica. Então camisas longas, blazers com bordados coloridos com calças amplas e amarrações com maxi acessórios dourados e com correntes que arremataram os looks comerciais com toques conceituais. Destaque para as sandálias com toque gladiador.
A Colcci trabalhou com uma alfaiataria bem sequinha e com boas sobreposições de jaquetas bomber com blazers, num visual cool e jovem que entra no clima urbano-esportivo proposto pela marca. O mix de tecidos que vai da lã ao moletom, passando pelas estampas quadriculadas e geométricas em preto e vermelho também trouxeram mais estilo para a ala masculina.
O estilista João Pimenta trouxe os ares do frio do sul do país para a passarela aliados a toques naturais através dos tecidos com muita lã, linho, algodão e tramas feitas no tear. Alguns ponchos e tricôs com texturas diferentes nas partes de dentro e de fora ganham respingados em tye-die vermelho e um grande alfinete de segurança. Tudo moderno! E lembre-se que o estilista faz roupa sob medida. Peças para um homem mais esguio.
A Triton apresenta sua coleção masculina no mesmo desfile do feminino, mas separados. O clima era dark-romântico e tinha um ar de urbanismo esportivo. Misturado mesmo! As camisas pretas e cinzas com mix de estampas dividem espaço com calças retas em tons vibrantes – como o amarelo e o vermelho – e casacos com visual utilitário. Os moletons aparecem com detalhes tribais ou estampas que invocam o espírito rocker ao lado de acessórios estilo escalada, inclusive com direito a pochetes.
Homens dançam mais do que nunca na passarela da UMA. E para isso as roupas devem ser extremamente confortáveis. Destaque para as calças justas de veludo e para o tricô vazado que pode ficar muito bem com uma boa camisa branca. Na próxima semana comentarei sobre o Fashion Rio.
Imagens: Ivan Stein.