Mais do que moda!

A campanha e as polêmicas da Gucci

Por Letícia Santana

E chegou o período de divulgação das campanhas de verão! Em imagens e vídeos, as marcas costumam apresentar um pouco do que prepararam para a temporada a partir de uma nova narrativa que será somada à apresentada durante o desfile, colaborando na construção do imaginário proposto pela coleção. Antes, esses anúncios eram pensados para as revistas, mas agora vem sendo adaptados para o formato e a dinâmica da internet, recebendo um investimento cada vez mais alto por parte das empresas.

Uma marca que vem investindo pesado nas campanhas é a Gucci. Desde que Alessandro Michele assumiu a direção criativa da marca, o designer, em colaboração com o fotógrafo Glen Luchford, ganhou notoriedade pelo seu excelente desempenho em contar histórias a partir de uma união equilibrada entre o audiovisual e a moda. Dessa vez, a dupla mergulhou na era de ouro de Hollywood para fazer a campanha de verão 2019 divulgada na última semana.

A campanha e as polêmicas da Gucci

Revisitando clássicos como “Cantando na chuva”, “Os homens preferem as loiras” e “O mundo da fantasia”, a grife italiana recriou as cenas mais icônicas dos filmes dos anos 40 e 50. Ao combinar o inusitado e o imprevisível com a confiança da Gucci, o fascínio de Alessandro Michele pelo universo cinematográfico é explorado revivendo o início da cultura da celebridade em cenas divertidas e vibrantes.

Porém, algo que incomodou a audiência foi a falta de representatividade. Em uma campanha que recria a antiga Hollywood, aparentemente até mesmo as dificuldades das minorias ocuparem espaços de destaque foram recriadas. Não é novidade para ninguém que naquelas décadas não havia nenhuma preocupação em promover a inclusão, ainda mais em espaços midiáticos como o cinema. E, na sua releitura, a Gucci faz o mesmo com um casting branco representando “uma oportunidade perdida de celebrar a diversidade na moda”, como pontuou o Diet Prada.

Alguns dias depois, a marca se envolveu em mais uma polêmica racial, dessa vez envolvendo blackface. Posto à venda nesta semana no site, a peça que causou polêmica faz referência ao personagem Sambo do livro “A história do pequeno negro Sambo” e remete aos blackfaces do século 19. Rapidamente, a Gucci recebeu uma enxurrada de críticas nas redes sociais, o que resultou na retirada da peça de suas lojas e um pedido de desculpas. “A Gucci pede profundas desculpas pelas ofensas causadas. Estamos totalmente comprometidos em aumentar a diversidade em toda a nossa organização e transformar este incidente em um momento poderoso de aprendizado”, comunicaram.

A campanha e as polêmicas da Gucci

Com uma audiência que cada vez mais cobra por responsabilidade e coerência, as marcas estão tendo que se comprometer e se adaptar. Porém, de nada adianta fazer uma campanha que preze pela equidade se na próxima esse discurso for por água abaixo. A representatividade deve ser um valor atemporal e não apenas para campanhas pontuais que tenham como intuito levantar esse debate.

Mais em Borboleta Vintage.
Instagram: @borboletavintage.

Fotos: Reprodução.

Deixe uma resposta