Por Paulo Ricardo
Um filme mudo argentino, do diretor Esteban Sapir, aposta numa estética que mistura cinema de Méliès, filme noir dos anos 40, expressionismo alemão e a aventura típica do cinema mudo para contar uma história do poder do monopólio midiático latino-americano e de como esse poder pode ser usado a favor de regimes totalitários. O clima alegórico de distopia melancólica é ilustrado pela neve que não para de cair e a fotografia em preto e branco.
O poderoso Sr TV, magnata dono do monopólio televisivo que ‘alimenta’ e mantém a população alienada, quer aprofundar seu poderio e controle.
Os habitantes da cidade perderam a voz, em seus diálogos não há som, de suas bocas saem palavras escritas. A Voz, a cantora que o Sr TV mantém como sua prisioneira e atração de seus programas televisivos, é literalmente a voz da resistência, e é o seu filho, um garoto que não tem olhos e portanto não assiste TV, que também possui voz e pode estragar os planos do Sr TV de destruir as palavras e tornar-se o soberano absoluto do lugar.
O filme é um delírio visual e uma aventura siderada.


Fotos: Reprodução.