Por Arlindo Grund e Lari Mariano
Para Day Molina, à frente da Nalimo, a passarela floresce. E transforma-se numa coleção delicada que exalta a flora brasileira a partir da leveza: drapeados, crochês e trabalhos manuais tão ricos quanto a biodiversidade brasileira fazem lembrar pétalas, folhas e a mensagem da leveza — sem deixar de pautar a preservação, que precisa evoluir para viver adiante.
Viver também passa pela força de quem trabalha — a inspiração de Will da Afro para sua Afroperifa: a greve operária da fábrica de cimento de Perus dá pauta para União e Firmeza Permanente. Na coleção, destaque para o upcycling inclusive de sacos de cimento e materiais de descarte para contar as histórias que baseiam um desfile.
Para o estilista Jala, à frente da Jalaconda, a marca é um ode ao corpo e seus acontecimentos. Em seu desfile, matérias-primas como o látex e o alumínio constroem uma coleção que exalta movimento, ousadia e uma possibilidade disruptiva de como se faz moda — e suas mudanças.
O 3º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores trouxe, mais uma vez, o encantamento que revela os diversos brasis que compõem a moda. Foi como ver a poesia invadir a cabeça de cada criador para a transformação em narrativas e peças criativas e cheias de histórias. Foi conceitual, comercial e, acima de tudo, representativo. Uma plataforma como essa que incentiva os estudantes de moda a se colocarem em um lugar de destaque só reforça o conceito que buscamos para um mercado digno no futuro. Fantástico!
A partir de tudo o que muda, o que permanece? É sob essa ótica que Sankeone traz à sua N/E Recycled mais uma moda de ressignificados e propostas que redesenham o eterno a partir de cobertores e edredons que passam a ser vestidos, jaquetas puffer e peças para durar. O que é Perpétuo, como a coleção.
Para Kaio Martins, da Koia, o inspirar é uma festa. Em looks que redefinem alfaiataria e vestidos de festa numa cartela sóbria, muitas formas orgânicas compõem as peças com volumes dramáticos, mangas, ombreiras e saias imponentes, que fazem da passarela uma vivência de formas e possibilidades.
Dentro dos possíveis, Rober Dognani encerra o terceiro dia ao materializar sonhos infantis. Seus próprios croquis de infância passam a ser vida em “O Baile”, coleção apresentada pelo estilista: roupas coloridas, cheias de volume, aplicações e representações glamourosas de brilho e dramaticidade, numa passarela que traz o imaginário ao campo do real de forma que essa magia seja sentida.
Fotos: Divulgação/ @agfotosite.