Por Arlindo Grund e Lari Mariano
Mais uma edição da Casa de Criadores, e desta vez com tudo adaptado aos tempos pandêmicos. As apresentações são em vídeo e nada presencial. O evento, capitaneado por André Hidalgo, chega em sua edição 47 com muita força, revelando e reforçando o talento de profissionais criativos. Confira o resumo do primeiro dia.
O evento iniciou com ancestralidade — é o que traz a Dendezeiro, que homenageia Salvador, criando com uma reflexão sobre sociedades como a africana, e trouxe macacões, bucket hats e jaquetas em uma moda agênero em sarja de algodão em tons terrosos, representando o solo e seu valor nas peças.
Os significados aparecem revistos para a TRASH Realoficial, que traz ‘reconfigurar’ como palavra-chave para entender sua coleção TRANSMUTTA. Em meio ao upcycling colorido, a partir de sobras de tecidos e peças garimpadas em brechós, a apresentação da marca busca dar nova configuração a padrões e rituais, para dar espaço a corpos que vão além dos padrões e celebram a transvestigeneridade da coleção.
A reflexão da Estamparia Social também parte do cotidiano, mas da reinserção social pós sistema carcerário. Na apresentação, vimos a falta de oportunidades, o contraste com a liberdade e a necessidade da resistência.
O projeto, que nasceu com a identidade de uma nova chance para esta parcela da população, faz da moda profissionalização e possibilidade: a ideia é afastar da reincidência.
Clique AQUI para assistir o vídeo da Estamparia Social.
A possibilidade e as dicotomias da liberdade também permeiam a Casulo, coleção da estilista Priscilla Silva. Ao promover uma vivência introspectiva do atual cenário de pandemia, a ideia é observar sentimentos que partem do amor, passam pela raiva, medo, tristeza e culminam na alegria. As cores e o trabalho em crochê trazem o feito à mão; despertam o romântico, com laços; mostram a seriedade da alfaiataria e chegam ao descomplicado, com patchwork colorido.
O projeto PIM (Periferia Inventando Moda), traz na X Brand, de Alex Santos, uma celebração a Oxum. As peças vieram com volume: saias rodadas, mangas bufantes, turbantes, búzios e bordados em dourado e contrapontos entre o dourado e branco em toda a coleção. Para a Rhythim Clothing, de Monica Barboza, o jeans e o veludo destacam-se e formam espartilhos, franjas, decotes ombro a ombro e babados: uma inspiração cigana com ares urbanos.
Com uma esfera artística, Fernando Cozendey fecha o primeiro dia explorando a psicodelia em seu filme. O convite é para uma viagem espacial, partindo do passado, daquilo que já foi extinto, ao que ainda está por vir. Os looks seguem um colorido de tons vibrantes e exploram volume e transparência, sempre mascarados em seres de uma atmosfera que se pauta na própria imaginação.
Fotos: Divulgação/ Casa de Criadores.