Por Arlindo Grund e Larissa Mariano. Edição de Rafaela Piovezani.
“Quem é essa mulher?” É sob os versos das canções ‘Angélica’ e ‘Construção’, ambas compostas por Chico Buarque, que Ronaldo Fraga recebe Zuzu Angel em seu espaço de criar. De modo digital, mas com sentimentos muito palpáveis e físicos, ele traz Zuzu em seu caderno de coleção.
Desenha a obra os ‘Brasis’ de hoje, a diversidade dos anjos coloridos, dos panos brasileiros, nas peles do momento atual. Relembra momentos icônicos da carreira de Zuzu, como o desfile-protesto em 1971, em Nova York, com os anjos de asas quebradas.
A poesia é o alicerce do trabalho: nas peças, desfiladas em 3D, muito da costureira; nas modelagens que parecem simples, mas carregam as cores vivas; na fluidez; nas grandes estampas que ainda relembram uma alegria criativa, enquanto a narrativa acontece.
Roupas que retratam uma atemporalidade pelo simples fato de serem feitas à mão, por pessoas que transmitem seus sentimentos a algo inanimado, sem vida. Essas linhas são fios, e ao nascerem em forma de vestuário através da criatividade de um estilista, e sob os olhos atentos de costureiras e rendeiras, ganham uma força descomunal de imortalidade, capaz de atravessar o tempo, gerações, e ainda assim carregar uma forte história, desde a inspiração até chegar em você que vai um dia usar uma dessas propostas.
Um convite ao íntimo e ao processo – quase que a sensação de construir junto, sempre como verbo, como ação.
Imagens: Reprodução.
Revisão: Kiki Marinho.