Por Arlindo Grund
O estilista Gustavo Silvestre levou muita emoção para o primeiro dia de São Paulo Fashion Week. O desfile do Projeto Ponto Firme, encabeçado por ele, apresentou uma coleção desenvolvida por detentos da penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos, São Paulo. A coleção foi resultado de um trabalho que durou nove meses com uma turma de 20 alunos. O propósito? Resgatar a cidadania desses homens, que pela primeira vez pegaram em linha de crochê e agulha e se tornaram verdadeiros artesãos. Na passarela um trabalho lindo e cheio de criatividade. Vestidos, túnicas, jaquetas, trouxeram um ar urbano a coleção.
As palavras de Silvestre são tão fortes quanto a apresentação, que teve uma cela toda colorida e criada pelos detentos e que foi usada como cenário. “Quando começamos o projeto o foco do trabalho era ensinar a técnica do crochê e oferecer uma alternativa para eles se profissionalizarem. Com o passar do tempo, percebi que era possível desenvolver uma coleção de roupas e começamos a trabalhar com força e aumentar o tempo de oficina. O desfile no SPFW nos permitirá mostrar outros caminhos possíveis de reintegrá-los na sociedade, valorizando o trabalho de forma criativa”, afirma Gustavo Silvestre.
E nós aqui só temos que aplaudir e enaltecer o trabalho desses homens e a iniciativa de Gustavo, que já formou mais de 100 alunos desde a criação do Projeto em 2015.
Aliás, eu já estou louco por algumas jaquetas. Um desfile primoroso, emocionante e com um cuidado que é só visto em grandes marcas. No final, o público esperou Gustavo para os aplausos, mas ele, coerente em tudo, não apareceu. Simplesmente mostrou no telão quem eram os criadores da coleção: os 20 alunos/detentos do Projeto Ponto Firme.
Fotos: Divulgação/ Agência Fotosite.