Por Paulo Ricardo
‘O Okoroshi Perdido’, do nigeriano Abba Makama, é uma comédia afro surrealista que encantou os festivais internacionais por onde passou. É um filme de Nollywood, a indústria cinematográfica da Nigéria, e portanto carrega certos maneirismos da terceira maior indústria de cinema mundial – a saber: um certo histrionismo dos atores e uma direção um tanto solta revelando ainda um aspecto caseiro típico dos produtos nollywoodianos.
‘O Orokoshi Perdido’ trata do conceito enraizado na ancestralidade da mitologia africana em uma conexão com a contemporaneidade.
A história de Raymond, um guarda de segurança desiludido e assombrado por sonhos de espíritos ancestrais, que numa certa manhã – como o Gregor Samsa em A Metamorfose, de Kafka – ao acordar de sonhos intranquilos, está ‘possuído’ pela forma espiritual de Okoroshi, um espírito que dança pra trazer a alegria para a humanidade e que também é capaz de punir os pecadores.
‘O Mascarado’ assume então sua missão e sai pelo mundo ajudando pessoas de bom coração que encontra pelo caminho e punindo os maus, até o inevitável confronto final com Jaguar, um ‘deus’ do submundo.
O filme é uma comédia leve que abre a discussão sobre identidade cultural, ocidentalização e modernidade, e ainda espiritualidade versus o mundo físico, e demonstra que retornar aleatoriamente aos velhos costumes na era moderna não é a resposta para todos os males da nossa sociedade. No final, nos mostra que a peleja está longe de se encerrar.
Então relaxa, #FicaEmCasa.
Fotos: Reprodução/ ‘O Okoroshi Perdido’.