Mais do que moda!

Não basta ter talento

Por: Carmem Marinho

O primeiro estilista a ser considerado uma celebridade foi Paul Poiret, criador que revolucionou a moda na primeira década do século XX. Com um marketing inovador para a época, procurava inserir-se no mundo daquelas pessoas para as quais criava. Acreditava que esta proximidade era decisiva para o sucesso das suas criações e, por conseguinte, das suas vendas.


Paul Poiret com duas modelos vestindo suas criações em um evento em 1919
Fonte: www.topfoto.co.uk

A partir desse momento, os grandes estilistas passaram a integrar o que chamamos de Jet set internacional. Equiparados a gênios dentro do seu ramo de atuação, viram seus status e popularidade elevados aos de grandes representantes da arte. Com isso, a lista de nomes que se tornaram verdadeiras personalidades é interminável, de Coco Chanel, passando por Elza Skiaparelli, Christian Dior, Yves Saint Laurent, Pierre Cardin, etc.

Com uma maior exposição na mídia, a fama e a notoriedade dos estilistas ganharam ainda mais força a partir das décadas de 1970 e 1980. Dentre os que aproveitaram este contexto podemos citar: Gianne Versace, Calvin Klein, Jean Paul Gaultier e John Galliano.

Um exemplo da magnitude que a imagem destes profissionais possuem é a presença de Valentino em importantes eventos, nos quais aparece junto a estrelas de cinema vestindo suas criações.

Valentino com a atriz Anne Hathaway vestindo suas criações em dois momentos distintos

No entanto, talento, sucesso, influência e fortuna, ingredientes presentes na vida dos grandes estilistas, não os isentam das suas responsabilidades como profissionais e pessoas públicas. Precisam ter a consciência de que todas as suas declarações e atitudes vão repercutir de forma amplificada.

Ninguém discute o talento do estilista John Galliano. Infelizmente, nos bizarros episódios em que declarou amor a Hitler e proferiu palavras preconceituosas a pessoas em um Café de Paris, o agora, ex-diretor de criação da Dior, parece ter confiado que sua posição lhe dava o aval para falar sem limites. Com isso, também desconsiderou o fato de que era o representante de uma das mais importantes marcas de moda do mundo. A repercussão não poderia ter sido pior. Sua demissão é prova de que talento é apenas uma das competências que um profissional precisa possuir.


Última coleção criada por Galliano para a Dior, apresentada em Desfile na Paris Fashion Week –
Temporada Outono/Inverno 2011-12
Fonte: Vogue Espanha

Carmem Marinho é Relações Públicas, especialista em Cultura de Moda, Consultora de Imagem e
professora de Design de Moda e Produção de Moda e Styling.

Deixe uma resposta