Por Arlindo Grund
Segurar um segredo desse não é para todo mundo… mas 68 gêmeos foram colocados na passarela da Gucci para questionar o tema da coleção: identidade. Duas salas de desfiles separadas por uma parede. O desfile aconteceu simultaneamente. No fim, a parede some e a plateia entende que o desfile foi igual nas duas salas. Isso mesmo, foram 68 pares idênticos. Mais ainda: vestidos iguais.
As roupas obedeciam ao rigor da criação de Alessandro Michelle. Uma alfaiataria impecável com viés esportivo mostra como a roupa pode impactar. Os bordados e algumas modelagens remetiam a peças que tinham um ar oriental. Os tecidos também reforçaram essa estética. Ao mesmo tempo que suas criações para a Gucci questionam gênero, padrões, tudo de acordo com a nova maneira de olhar a moda.
Os anos 70 também emprestam sua estética descompromissada e forte para essa apresentação. Mistura de texturas, do lúdico com o formal, de quebra de paradigmas. Roupas para serem usadas por quem quiser. Aliás, provocação aqui não falta: Gremlins na coleção, calças tipo cinta-liga mostrando as pernocas masculinas, e muitos acessórios completam uma apresentação de tirar o fôlego.
Se é para questionar identidade na moda? Não sei. O fato é que diante de tantas provocações, o que a gente consegue entender é que cada vez mais a moda está no caminho da pluralidade e da diversidade. Sai na frente quem souber interpretar isso através de sua criatividade.
Imagens: Reprodução / Filippo Fior/ Gorunway.com.