Por Arlindo Grund
Definitivamente uma das apresentações mais aguardadas da temporada em Milão. O desfile da Prada, capitaneado por Miuccia Prada e Raf Simons, subverte a estação e mostra que o hedonismo, a busca por prazeres através das roupas, a exposição do corpo, tudo reflete o desejo das pessoas nesses tempos pandêmicos e de conflitos internacionais.
Os ânimos estão exaltados, as pessoas querendo mostrar que a vida está voltando aos poucos ao normal, mas uma coisa ninguém pode negar: a moda é capaz de mudar esse sentimento. Aqui, parece que tudo foi sobreposto e a vontade de usar aquilo que estava guardado também permite nesse sentido composição diferenciada. Quatro a cinco texturas em um único lugar. Pode parecer verão, mas na hora que você coloca um casaco a sensação de conforto vem dobrada pela modelagem e pelo toque do tecido. Flanela, cetim e malha metálica criaram roupas que despertam curiosidade.
Na apresentação masculina a dupla mostrou casacos com ombros grandes, mangas proporcionais, cinturas marcadas e detalhes nos ombros e na barra – aqui não foi diferente e a moda mais uma vez veste corpos. Lembrando que as “peles de animais” não são verdadeiras. Também é inegável a influência dos anos 90 diante das composições de bordados e cartela de cores.
Os tricôs trouxeram um ar retrô, ao mesmo tempo impactando as composições. Gostando ou não dessa moda diferenciada, o fato é que o mundo está aberto a novas propostas, as novas gerações querem o antigo, visitando o novo, o inédito, e ao mesmo tempo o tradicional com toque diferenciado. E isso MP e RF fazem muito bem. Bravo! Destaque para Kaia Gerber, que abriu o show no mesmo cenário futurista da coleção masculina.
Imagens: Reprodução. Alessandro Licioni/Gorunway.com.