MFW Inverno 2016 :: A aula de Miuccia PRADA

Por Arlindo Grund

Esse desfile da PRADA realmente encheu de orgulho Miuccia Prada. A apresentação foi tão impactante, que ao ouvir os aplausos fortes, ela abriu um largo sorriso. E o por que desse alvoroço todo? Simplesmente uma das coleções mais incríveis criadas por ela para a casa italiana de sua família. Sua inspirações são tão simbólicas quanto concretas. O mais incrível é perceber que seu olhar, onde quer que esteja, está voltado para a moda. Aqui, a viagem é o tema que ela buscou. Uma viagem de marinheiras contemporâneas com suas golas desgastadas e, ao mesmo tempo, uma viagem para dentro do seu íntimo, conhecendo cada vez mais seu eu. Como retratar isso na passarela e em roupas que alcancem sucesso de vendas? Com casacos extremamente bem cortados, sobrepostos a peças que misturavam estampas do artista Christophe Chemin a tecidos adamascados e encorpados. Às vezes o couro também faz ela lembrar de um leve toque sensual. São misturam que caracterizam o DNA da marca como ousado e à frente do tempo. O xadrez ganha o floral como um bom companheiro e a alfaiataria rígida se desconstrói nas mãos da estilista. São looks que tem um toque de delicadeza, mas ao mesmo tempo, carregam forte personalidade e experiência de suas viagens, sejam elas quais forem. A atmosfera era ‘fim dos anos 40’, com suas mangas mais estruturadas e o caminho para a evolução das formas. Nesse crescimento, a silhueta marca a cintura, bem anos 50, com um toque poético de pós guerra que vai adicionando lembranças de onde passa em seu uniforme. A tudo isso, sapatos pesados e rasteiros que trouxeram mais garantia e alma a cada produção. Ainda nessa viagem, pequenos diários presos a cintos ou a acessórios de couro devem revelar boas histórias, âncoras que podem ser pingentes ou aplicadas nas botas e as bolsas que, segundo Consuelo Blocker, são as “do tamanho da temporada e que foram colocadas num comprimento prático”. Confira mais em seu blog.