Por Rafaela Piovezani
No backstage da SPFW, encontramos com Lucas Silveira, vocalista da banda Fresno, se preparando para entrar na passarela de Igor Dadona.
Se essa collab pareceu inusitada pra você, nós temos inúmeros motivos para te mostrar que ela faz sentido para ambos os artistas.
A começar pelo fato de que moda e música são artes que sempre caminham juntas, certo? Quantas vezes um cantor ou cantora já ditou tendências no Brasil e no mundo? Muitas!
Em nossa conversa, perguntamos como a moda o ajuda a construir as estéticas de cada álbum, principalmente a do atual ‘Vou ter que me virar’, no qual a banda aposta em novos elementos nos figurinos de videoclipes e shows.
Lucas relembrou que a Fresno sempre esteve ligada ao estilo emo, e no começo da carreira muito do que eles vestiam era uma mistura do que gostavam com influência dos artistas internacionais da época. Isso mudou principalmente nos últimos dois álbuns – ‘Sua alegria foi cancelada’ e ‘Vou ter que me virar’ -, já que o estilo pessoal de cada integrante foi sendo construído e eles começaram a trabalhar com um time de direção criativa.
“Hoje temos pessoas que nos vestem. Percebemos que muita gente que gosta da nossa música começou a trabalhar com moda e fomos descobrindo dentro do mundo de styling e direção criativa, pessoas que tinham a ver com a gente”, revelou Lucas.
Nesse último disco, a banda contou com a direção criativa de Dindi Hojah e o mais bacana foi descobrir que a ligação entre eles surgiu através do Instagram.
“Conheci o Dindi pelos trabalhos incríveis que ele faz. Segui no Instagram e depois fui descobrir que ele era nosso fã”, contou o cantor.
A mesma conexão o levou a conhecer Igor Dadona, que tem uma estética com referências emo, punk e rock. Lucas descobriu as criações do estilista enquanto fazia uma produção de moda e logo depois ficou sabendo que ele era um fã da Fresno. O final dessa história nós vimos na passarela de Igor.
“Ele tem algumas coleções bem emo. Fez releituras da estética emo, rock e punk, porque o emo pega muita coisa emprestada do punk. Tem até clubber no meio de tudo. E quando você vê isso interpretado com uma linguagem de moda, tem muito poder”, explicou Lucas sobre o trabalho de Igor.
E falando sobre o emo, não podíamos deixar de perguntar como a volta do gênero musical ao mainstream, e a tendência do estilo, que ganhou força com a Geração Z e o TikTok, está impactando na Fresno. Com shows esgotados em muitas cidades, incluindo dois dias na Audio neste final de semana, em São Paulo, Lucas afirmou que eles estão vivendo um ótimo momento de banda.
“A gente percebe as marés que vão acontecendo sem o nosso controle. Sempre tivemos nosso público e somos felizes com isso, mas o revival do emo fez muitas pessoas começaram a olhar pra Fresno de novo. Pensamos que quando o holofote vira pra ti, você tem que estar com um produto muito bom. Isso foi uma sacada do Dindi Hojah, que fez nossa direção criativa”, completou o músico.
E aí, você ainda acha que moda e música não caminham juntas?
Fotos: Rafa Piovezani/ Divulgação Charles Naseh.