Casa de Criadores Verão 2018 :: Dia 1

Por Rafaela Piovezani

A 41ª edição da Casa de Criadores começou na última segunda-feira (08) com o desfile de abertura feito pelo estilista Diego Gama, em parceria com Eduardo Costa, do Brechó Replay.

Diego Gama/ Brechó Replay

Um documentário sobre moda, representatividade e preconceito deu início à apresentação, seguido de um texto impactante lido pela stylist Igi Ayedun. Na sequência, os modelos entraram na passarela vestindo alguns looks garimpados por Eduardo e com interferências de textura e beneficiamentos de Diego, e outros criados do zero pela dupla.

A inspiração da dupla foi nada menos que as relações pessoais e como encontros nos levam a novos lugares. Daí surgiu o conceito e a metáfora de levar a coleção – e a discussão sobre o pertencimento da pessoa negra – para lua, um lugar em que nenhum negro pisou até agora. O conceito fantasioso e ao mesmo tempo muito real se desdobrou em um streetwear com peças de modelagens amplas e por vezes, desconstruídas.

 

Fernando Cozendey

Desta vez Fernando Cozendey decidiu deixar a Lycra como coadjuvante nesta coleção para apostar em um tecido que para ele é novo: o jeans! A inspiração vinda dos anos 1990 é evidente, e ela está por toda a coleção. Calças, jardineiras, blusas e maiôs ganharam modelos para todos os gostos – para quem gosta de shapes ajustados e quem prefere os mais ‘larguinhos’.

A brincadeira com as lavagens de jeans são um dos destaques, que aparece nas versões claro, escuro e com lavagens manchadas. Fernando também apresentou pela primeira vez seus acessórios, que são viseiras e bolsas com fechos e amarrações que permitem usar de diversas formas

 

Rober Dognani

A passarela foi invadida por uma coleção inteiramente preta. Rober Dognani decidiu deixar um pouco de lado suas apresentações teatrais pra apresentar uma coleção sóbria, elegante e simples, mas nem tanto. A ‘sobriedade da coleção’ deixou muito evidente o trabalho minucioso de moulage – construir as silhuetas diretamente no tecido – criado pelo estilista. Os volumes ganharam destaque, assim como as modelagens com toque oversized, dando vida à uma coleção sofisticada.

 

Filipe Freire

Filipe Freire é um dos estreantes desta edição. O designer começou sua carreira fazendo body chains para amigos e em pouco tempo já estava vendendo suas peças em grandes multimarcas. Neste primeiro desfile, Filipe transforma seus acessórios em roupas com toques pra lá de fetichistas. Como? Criou vestidos, blusas, saias, macacões e bermudas apenas com correntes interligadas! O resultado são peças super trabalhadas e versáteis.

 

Cemfreio

Com direito a um show ao vivo da cantora Pabllo Vittar, a Cemfreio entrou na passarela para apresentar um coleção que tem como mensagem principal a representatividade do negro na sociedade. Inspirado por esta questão e buscando referências das danças de capoeira e rituais do candomblé, Victor Aponilário decidiu descontrair as peças.

“Se você olhar bem, vai ver que as bases são bastante comuns – são camisetas, camisas, alfaiataria, que fomos cortando, desconstruindo e alterando”, explicou o estilista. Afinal, aqui, a ideia é revelar o que cada um é de verdade, sem armaduras.

Fotos: Divulgação/ Agência Fotosite.