Casa de Criadores – Dia 1

Por Arlindo Grund

A Casa de Criadores, semana de moda no Brasil que destaca nomes promissores e já conceituados no segmento, mostra que cada vez mais há investimento em criar uma marca única e expressiva, com personalidade, e que atraia um público fiel e com um alto grau de expectativa.

“Sou de Algodão” é uma campanha desenvolvida pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com diversas ações para incentivar o uso da fibra na indústria têxtil do país. Pela primeira vez esse projeto participou da Casa de Criadores, e para a sua estreia, o movimento realizou um desfile que apresentou colaborações inéditas e show ao vivo da cantora baiana Xênia França. O desfile teve como objetivo incentivar o uso da matéria-prima na indústria da moda. Foram convidados 16 estilistas que se destacaram na história da Casa de Criadores para criar looks em algodão. Com a curadoria de Andre Hidalgo, foram eles: Fernando Cozendey para Track&Field, Ben (Leandro Benites) para Martha Medeiros, Isaac Silva para Bordana, Weider Silveiro para Inbordal, Renata Buzzo para Mon Petit, Neriage (Rafaella Caniello) para Toalhas Appel, Felipe Fanaia para Estyllus, Rocio Canvas (Diego Malicheski) para Cor com Amor, Rober Dognani para Cataguases, Diego Fávaro para ITM Têxtil, Igor Dadona para Cêdro Têxtil, Ken-Gá (Livia Barros) para Mensageiro dos Sonhos, Martins.Tom para Ahmar Manifesto, Another Place (Rafael Nascimento) para Santanense, Alex Kazuo para Vicunha e Heloisa Faria para Canatiba foram as collabs presentes no evento. A beleza do desfile ficou por conta de Lau Neves pela MAC.

 

D-AURA:

A proposta, aqui, é mostrar o shape e formas da D-AURA. A cartela de cores mais sóbria teve preto, branco, cru e verde musgo. O detalhe em metal que apareceu em todas as peças trouxe também um diferencial. A leitura do primeiro volume do “Mil Platôs”, de Deleuze e Duatarri, intitulado “Rizoma”, resvala no constante convite à inquietação e à criação baseada na experimentação. Esse convite surge como primeiro grande disparador da nova coleção, que leva o nome do capítulo. A coleção traz a intenção de buscar algo além, também explorado pelos autores. Ao tentar dissecar o significado de Rizoma, eles trazem principalmente a questão da não linearidade, da não construção sob sistemas e regras. E, aqui, mais uma vez, o convite à inquietação, à quebra. A coleção apresentada trouxe esse significado para dentro do shape da D-AURA.

 

CAJÁ:

A cores vivas misturadas ao tom de concreto trouxe uma, digamos assim, alegria urbana ao desfile da Cajá. Conexões é o titulo da coleção que relaciona mulheres de diferentes vivências e que acreditam no potencial da união. Pensado para o universo urbano e as diversas formas de existência e resistência dentro da cidade, ela une o estilo confortável e esportivo com a elegância e sofisticação. Os tecidos foram escolhidos considerando o clima tropical e as mudanças de temperatura na cidade de São Paulo. Além do algodão, a coleção traz tecidos como sarja, moletom e malharia. Todas essas escolhas e construções da Cajá se destinam a atender às mulheres que possuem uma dinâmica de constante mudança e habitam diferentes ambientes em seu dia a dia.

 

MARTINS, TOM:

O estilista Tom Martins tem uma maneira lúdica e divertida de usar as formas. Dessa vez o urbano grunge se mistura ao conforto do pijama e dá origem à 5ª coleção da Martins.Tom. Dessa mistura saíram looks com diversos xadrezes, listras e tecidos lisos, tudo com a clássica e democrática modelagem oversized da marca. Robes e pantalonas se unem a camisas e casacos amplos em flanelas e jeans. Tudo no mais nobre clima streetwear. Nos pés, a marca trouxe uma sandália com pele, fruto da nossa parceria com a Rider. Os acessórios foram feitos em alumínio, em parceria com a designer Jana Favoreto. Eu adoro essa brincadeira de oversized que o Tom faz. A beleza foi assinada pelo maquiador da MAC, Helder Rodrigues.

 

OCKSÅ:

A marca dá um verdadeiro show de Identidade no primeiro dia de Casa de Criadores. A coleção da Också foi desenvolvida de maneira intuitiva e que trouxe um olhar técnico às roupas.O DNA da marca é a união de pessoas e ideias, fatores e materiais, métodos de execução transfiguram-se na essência da marca. A utilização da cor preta traz consigo um misto de simbolismos e representa a ideia de fusão, já que é formada pela junção de todas as cores. Ainda nesta coleção, juntamente com a marca espanhola AGUSTEMS, foram lançados cinco modelos versáteis de bolsas desenvolvidas em canvas e pintadas à mão. A direção de arte da Roberta Maria de Padua, acrescida da performance audiovisual do grupo Teto Preto, ambientaram o mood da passarela. A beleza foi assinada pelo maquiador da MAC, Guilherme Casagrande.

Fotos: Divulgação/ Marcelo Soubhia/ Agência Fotosite.