Por Letícia Santana
Lançada em 1989, o estilo criativo e fresco da marca americana J.Crew não foi um sucesso imediato. Foi só a partir da década de 2000 que a empresa deslanchou quando contrataram a recém-formada Jenna Lyons como diretora criativa. Após a indicação de um colega do alto escalão, a J.Crew apostou todas as suas fichas em Jenna, porém, antes um pequeno teste foi feito. Perguntaram qual era a opinião dela a respeito da última coleção vendida e, então, ela criticou cada peça que não gostava. “Eu não sabia se eu seria contratada. Eu estava confusa e com medo, mas eles estavam me ouvindo. E eu pensava: ‘Isso é bom? Isso é ruim?'”. Independente dos anseios, deu mais que certo: Jenna foi contratada e ascendeu a J.Crew.
“A mulher que vestiu a América”, como a própria imprensa nova-iorquina a denomina, teve uma infância pobre e difícil ao ter que lidar com o divórcio dos pais ainda muito nova. “Eu nunca vou esquecer da minha mãe parada no porto falando: ‘Nós vamos conseguir comer atum nesta semana’. Isso me fez nunca mais querer precisar de um homem na vida. Eu pensei na hora, ‘Eu preciso dar o meu máximo’, não só para a situação do peixe, mas na vida”. Além disso, Jenna também sofreu bullying na escola por conta dos seus 1.80m e dos seus dentes da frente separados: “É impressionante como as crianças podem ser cruéis e julgadoras como se elas realmente falassem com consistência”.
A sua história de vida inspiradora, a sua consistência e a sua expertise admirável fez com que ela estivesse na lista das mulheres mais poderosas da moda por anos. Porém, a partir do momento que a figura de Jenna Lyons começou a se tornar tão grande quanto a marca para qual trabalhava, a J.Crew começou a se incomodar. Até que em abril de 2017, após 26 anos inspirando mulheres que nunca se conformaram com as regras, Jenna saiu da empresa. Desde então, a J.Crew nunca mais foi a mesma: se estagnou, parou de crescer, acumulou dívidas, fechou lojas… Porém, depois de um ano difícil, parece que marca nova-iorquina está tentando voltar aos eixos.
No último mês, a marca se uniu à Universal Standard, uma start-up de moda inclusiva, em uma tentativa de se atualizar aos novos modelos de negócio e voltar a ter a sua alta relevância. A J.Crew agora assume um posicionamento que visa a representatividade, produzindo peças com tamanhos maiores e um casting mais diverso. “Muitas marcas expandem a grade, mas criando uma subcategoria ou linha separada para o consumidor. Porém, esta coleção é completamente inclusiva e com ajustes para atender todos os tamanhos femininos. Pela primeira vez, todas as mulheres terão a oportunidade de fazer compras nas mesmas araras, sem separações por tamanho”, conta a diretora de marketing da marca.
A ideia é engajada, lucrativa e inteligente, mas ainda muito recente para conseguirmos vislumbrar o futuro. Será que vai rolar?
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