Por Arlindo Grund e @larimariano
É ancestral feito de afeto. É do seio familiar e das memórias da avó que embalam tudo o que há neste abrir de caminhos do quarto dia para a Nalimo, marca de Day Molina. Tudo é leve, cheio de texturas, calmo. Brancos e off-whites levam trançados, aplicações, alfaiatarias e bordados que fazem seu traçar em sua melhor tradução. Do antes ao hoje muito se diz pelo que não precisa falar.






É também da ancestralidade e conexão interna, de olhar para se refazer que traz a Berimbau Brasil. Nessa proposta de Sandro Freitas, destaque para as cores vibrantes, para as estampas que vêm com força tamanha e para os recortes, assimetrias e texturas que tornam possível um expressar a partir do caminho de acolher o possível e também saber iluminar o que virá.





A luz de intensa e imensa alegria é o que sabe fazer Marisa Moura ao trazer “Memórias Afetivas” para as passarelas da Casa de Criadores. O fazer à mão, a artesania que passa de geração em geração e vibra no coletivo — é de viver e de vivência as rendas, os tingimentos, os bordados, os volumes, as texturas que dão pra sentir e que brilham a partir dos verdadeiros protagonistas: quem faz.





Também num mergulho íntimo, mas para ressignificar os medos do passado, Sillas Filgueira traz à vida Monstros, com brilhos, pelúcia e criaturinhas que, apesar de representar o que deve passar, têm o aspecto do carinho. Drapeados, comprimentos curtos e tons pastéis também trazem uma infância que mostra seu poder de ir adiante.





Para Kaio Martins, da Koia, o momento é de abraçar o festejar com um gracejo quase clássico, mas com olhar autêntico. Aqui, muito volume, estrutura, mangas bufantes, ombreiras e tudo muito, para esculpir e celebrar o corpo em cada curva com uma sensualidade que nunca deixa de ser presente.





Já no olhar da FKawallys, a ideia foi provar que a estética punk também pode ganhar o verão. Comprimentos mais curtos, interferências, tachas, correntes e pinturas também trouxeram pele e uma presença calorosa e com um quê de norte — exatamente como o verão precisa ser!





Para encerrar a noite, Fábia Bercsek traz a tecnologia para a passarela. Inspirada no computador AMIGA dos anos 80, o metalizado, as texturas e o brilho vêm estruturados, mas não contidos. Iluminar o que é conceito mas também fala de continuidade. De um mundo de hoje que, tão de afastar, ainda precisa do afeto por tradução constante!





Fotos: Marcelo Soubhia/ @agfotosite.