Por Arlindo Grund e @larimariano
Falemos, para iniciar, de afeto que une como se verbo fosse — e é — na moda que se constrói ao nosso redor. Com a vívida brasilidade, o upcycling criativo do reaproveitamento de guarda-chuvas é uma vontade imensa de tecer realidades novas, Trama Afetiva abre este terceiro dia com um vislumbre de tudo o que pode ser visto, a se iniciar pelo respeito de singularidade e de permanecer fiel à essência que já nos seja assim tão própria.





Com propriedade, também faz Filipe Freire em sua escolha de referenciar um elemento da natureza, a água, como ponto de partida de uma coleção. Por H2O, a ideia de interpretá-la também não é só física, ela se desenha num conceito repleto de fluidez, potencialidade e traz para uma estética beachwear de muita luz e brilho — se fosse possível refletir cada peça nas ondas, num ode ao movimento, ao corpo, ao que realça, leva e eleva — numa constante que é orgânica demais para caber em uma única definição.





É sobre o que vibra e encontra os disponíveis. Numa coleção dedicada a quem se emociona, com a mais pura propriedade da palavra, Jorge Feitosa explora o amarelo como a luz que pode irradiar, alertar, intensificar e aplacar. É tudo e tanto ao mesmo tempo, como se vê nas texturas, nas modelagens over, no movimento e no acontecer — da pele ao que está sob ela. Uma cor que nem de longe parece talvez, ou a capacidade de ser média. É tudo, em toda força de vibrar livremente com a cor que se quiser.





“Sob as tintas do que é real a cada um”. Para Maria Clara Tecidio, à frente da Pirygótik, essa é, literalmente, a tela de fundo do seu criar. É a partir do amor pelo fazer da pintura que ela também tangencia o trabalho feito com a moda: em Céu, Sol e Noite, a inspiração conduz aos astros a proposta de um beachwear multicolorido que abre espaço para o dark sem perder qualquer identidade. É tudo somatória.





Guma Joana também traz o somar ao centro da passarela para fechar a noite. A coleção trazida apresenta a collab com Alma Seleno e seu 3D. Por aqui, ele aparece na representação de criaturas marinhas que emergiram do oceano — e tudo, sob volumes, silhuetas marcadas e estruturas, comunica sobre a existência de corpos que constantemente também se veem em perigo — das águas desconhecidas ou do que se vê sempre? O que se encontra quando se vai para as profundezas das marés que, ao passo que amedrontam, também fazem aprender a elevar.





Fotos: Marcelo Soubhia/ @agfotosite.