Por Arlindo Grund e @larimariano
Abrindo a noite, a possibilidade é quem sabe encontrar seu espaço dentre o que se vê na passarela. Sob ângulos não comumente explorados, ao comando de Dani Auler, Moda Inclusiva nos relembra que funcionalidade e informação de moda elevam a essência do que moda deve ser — a roupa, o estilo e o significado a serviço da existência do corpo e suas particularidades que são histórias vívidas.





E é de outras histórias que Marcelo Mariani cria sua estreia nestas passarelas da Creations Lil, afinal, o que reina por aqui é a aplicação de um upcycling que vem com personalidade, urbanidade e uma impressão que insiste em novas construções a partir de, mais uma vez, o protagonismo do que é humano.






E, se a humanidade pode inspirar, auto referenciar-se também é caminho aberto para o que é criativo. É o que nos mostra Marlo Studio, a partir de Intimate Dive. O mergulho íntimo e repleto de camadas que não evocam o passado de forma simplista, mas o referenciam e respeitam para viver o novo em uma cartela quase toda monocromática — e trabalhada nas texturas e modelagens diferenciadas entre si. Recriar e renascer.





Para a criação não se impõe qualquer coisa limítrofe. É o que nos mostra Lucas Caslú — em seus excessos, dicotomias, interpretações que vão de um ponto a outro traçando um caminho que nos faz lembrar que tudo é muito e, dessa forma, transborda. É assim, também, que a gente faz por viver as experiências que a moda traz: dos tecidos leves ao jeans, como o estilista trabalha, tudo pode e contém. Para que uma história se conte, tudo conta: e tudo parte de uma identidade que só precisa do autêntico para existir.





Do autêntico referente — e por que não dizer irreverente? — Sankeone traz à passarela de sua N/E Recycled um retorno aos anos 1990 de Akira, um mergulho na produção audiovisual e no mangá. E é verdadeiro dizer que tudo se interpreta a partir do que é de si mesmo: e assim aprende a não perder qualquer essência. O marcante dos pretos e vermelhos ganha a estética clara que já é marca registrada: streetwear com upcycling combinados de forma a ser impressão digital — é único e tem que ser!





“Fascínio é uma coleção que não brilha para seduzir, mas para lembrar”. É assim que Vinnicius Afonso traz à tona sua definição da coleção que fecha este segundo dia de CdC n57. São os delírios sessentistas, o colorido de encher os olhos, os metalizados, as texturas, mas principalmente a ousadia de quem o fez antes para que seja trazido agora. Memória, história e resgate.





Fotos: Marcelo Soubhia/ @agfotosite.