Por Arlindo Grund e Lari Mariano
Abrindo o quarto dia, a Visén traz seus códigos de inspirar-se na arquitetura portuguesa com interferências urbanas para a passarela — volumes e construções literais são trazidas no desfile que, num espaço de celebrar, mistura o brilho de paetês ao cenário de metrópole.
Para a Aczan, é a dicotomia de passagem do tempo capaz de inspirar uma coleção. Os olhares bons e os difíceis são traduzidos em volumes, texturas, contrapontos entre peças mais pesadas — e quase arquitetônicas — ou mais leves — e trabalhadas para passar a sensação. Sob o olhar de Nazca, à frente de sua marca, o sentir: e como fazê-lo no mundo.
Para Lourrani Baas, a exaltação é da mulher negra a descobrir sua potência para além da roupa. A coleção apresentada é de modelagens clássicas e com uma elegância atemporal — feita de brancos, pretos e vermelhos. Exaltar o pertencer.
No olhar de Felipe Caprestano, a cidade se significa a partir da roupa também. Destaque para cinturas estruturadas na modelagem, contrapondo a modelos mais leves — sempre ricos em textura, como se fosse possível tocar que se vê — é de vivenciar como as referências interferem em nós — e como a estética do sóbrio ultrapassa o que parece comum. Não é e não será.
Para o Vou Assim, coletivo que visa dar oportunidade a pessoas trans por meio da moda, a experimentação é vívida: upcycling, dessa vez, para brilhar não tão somente cada peça costurada, mas sobretudo as existências celebradas em cada ato do desfile.
Sob a concepção de Marcio Lopes, a Marlo Studio traz uma alfaiataria que não se apossa do clássico e faz sua originalidade, mesmo com uma cartela que explora majoritariamente o preto. É que, daqui à Lua, há muito espaço para criatividade. Movimentos, recortes, interferências de verde e branco, estampas únicas dão a viagem que se espera ao satélite terrestre — sem se desligar de nós.
Para Mônica Anjos e sua marca homônima, a visão sagrada da mulher e sua representação multicolorida referenciam Oxum, Iemanjá, Iansã e Nanã, em uma passarela multicor que mergulha no ancestral e na força feminina com delicadeza, movimento, espaço para ser. Franjas, estampas e identidade revelam potência — e respeito ao que vem para colher — e acolher — o que virá.
Fotos: Divulgação/ @agfotosite.