Por Arlindo Grund e Lari Mariano
Para o começo, exatamente o que dá início. E é sob essa pauta que Sioduhi Studio inicia os desfiles com a coleção Kahtiridá, fio da vida: um fio de tecer conexões onde o milenar da sabedoria indígena com o futuro e às tecnologias. A manualidade encontra texturas e movimentos — com um flerte à naturalidade do corpo.
Crer num corpo que acontece com a personalidade do street style e toques de ousadia é o que faz a Riddim Clothing, de Mônica Barbosa, trazendo à passarela um desfile que acontece sob uma improvisação de rima. A realidade tomando conta do que a moda deve ser e celebrar, num mix entre os ícones africanos e brasilidade.
É de celebração também a estreia de Leandro Quaresma. Numa coleção que pauta seu próprio caminhar acerca da fé nos orixás, Leandro abre caminhos para ela passar: a fé, a religião e a consciência de uma moda que abrace particularidades e possibilidades.
Para Studio Ellias Kaleb, trabalhos manuais que exaltam a personalidade, repletos de texturas, movimentos e possibilidades — é sobre irreverência, até numa fila final que distribui frutas aos convidados. Um convite ao novo.
Também é redesenhando o atual — com flerte claro ao futuro — que a Mockup se apropria de materiais de descarte para criar peças irreverentes e feitas sob clara ousadia: resina, látex e retalhos criam interferências, pesos e, sobretudo, materializam criatividade.
Aos tricôs e tecidos de descarte também tecem o olhar de Guma Joana e Sukeban, num momento de lembrar a potência de pessoas travestis durante o período do regime militar — mais uma celebração aos começos para que os recomeços sejam possíveis.
Fotos: Divulgação/ Marcelo Soubhia/ @agfotosite.