Por Arlindo Grund e Lari Mariano
Para o sexto e último dia de Casa de Criadores, moda de linguagens próprias
Para a Shitsurei, ela aparece a representar a síndrome de impostora — que se materializa em tons terrosos, babados mais delicados e leves como uma dança de ballet, ainda que com a estrutura de materiais mais pesados, mas sobrepostos com máscaras que trazem um toque de terror, como se pudessem invadir.
Para Sherida e sua Praia de Artista, beachwear com extrema leveza. Como se captasse toda a beleza das vivências — das cores solares às texturas de praia nos bordados e babados que, anexos aos looks, lembram barbatanas de peixe. Leve para elevar.
Para a Xyboia, manifesto criativo e artístico a partir de upcycling se faz coletivamente. E é isso a que se propõe a marca ao demonstrar performance, diversidade e pluralidade a partir de looks que não apenas vêm de múltiplas fontes, mas comunicam diferentes mensagens.
É na performance trazida pela Dystopic Corp que fica clara a intenção de trazer a moda como um ferramenta de lupa a outro manifesto. Por isso, nas peças, a estética de destruição vem clara nas texturas, rasgados, franjas e volumes contrastantes com a pele à mostra, tudo feito com materiais de descarte. Reinterpretar para recontar.
A Jacobina, marca goiana de Raphael Aquino, traz um fashion film batizado de ECOSSSS, um ode ao coração que precisa pulsar sua própria criatividade, estética e sentimentos — sem abrir mão do risco de uni-los. Cores vivas sobrepostas por delicados bordados também flertam com técnicas de upcycling — moda que se une para despertar possibilidades.
Vittor Sinistra volta à sua identidade definida, mas com um novo olhar. O despontado dos spikes aparece, desta vez, com menos estrutura, mas sem deixar de lado as interpretações artísticas, arquitetônicas e singulares que o estilista sempre busca para suas coleções. Mais significados para autoralidade.
Guilherme Valente e seu drama romântico trabalham o autoamor a partir de balonês, corsets e até plissados que formam florais. Uma arquitetura de volumes que se dualizam com movimentos que ilustram muito bem a busca pelo amor próprio e seus caminhos. Poético do viver ao vestir.
Para os 15 anos de Das Haus, o desfile de Rober Dognani e Felipe Fanaia é sobre celebrar as próprias interpretações e singularidades tão vívidas. Aqui, destaque para como vêm projetadas num maximalismo de alguns códigos. De golas a lapelas e fendas super aparentes, encontrar-se nos códigos e continuar contando — e fazendo — história.
Fotos: Divulgação/ Marcelo Soubhia/ @agfotosite.