Por Arlindo Grund e Lari Mariano
Mais um dia de interpretações particulares na CdC 54
A PEDRA, que trata de “Amor Canibal”, o próprio nome da coleção, ocupa a praça Ramos de Azevedo com um desfile que une performance a uma moda de upcycling e novos significados. Nessa passarela, a mescla de vários animal print, coloridos e metalizados é que costura o tom.
Para a neutopia, de Érico Valença, o futurismo não acontece somente no amanhã, mas também resgata o passado, como os vestidos dos anos 1960 e o olhar sci-fi de 1990. As bolsas robôs, transparências quase plastificadas, metalizados e uma cartela de tons frios como azuis, brancos e cinzas traz o universo proposto.
Dos jogos de videogame ao street style pautado pelo skate, Lucas Lyra se inspira no real da rua pra trazer esta coleção à mais uma Casa de Criadores. Destaque para as golas exageradamente altas e uma cartela de vermelhos trabalhados com estrutura, mas, acima de tudo, um ideal de jovialidade e disrupção entre couros, pelúcias e transparências, como é próprio da sua UMS 448 – LL.
Para a Nalimo de Day Molina, manualidades e raízes são o plano de fundo de CAPI•baribe, uma coleção inspirada na cultura pernambucana, que referencia desde o mangue beat até o sertão. Texturas, rendas, crochês e tramas artesanais que passam do vermelho e preto aos tons terrosos e são invadidas pelo colorido de figuras emblemáticas da cultura se fazem leves ao traduzir tanta força de significado.
Os personagens de jogos de luta em videogame ganham vida no fashion film da FKawallys. Micro croppeds, tops que lembram armaduras brilhantes, franjas e muitas cores misturadas com a performance dos lutadores escolhidos dá um caminho de diversão e autenticidade ao que traz a marca a mais esta edição.
Para Gui Amorim no Estúdio Traça, o que inspira é o Glam Rock, que traz às passarelas a coleção Brazilian Dolls. Para além do denim, que já clássico da marca, vale destacar os mix de estampas e o peso dos cintos maximizados e ilhoses enormes que pautam esse universo traduzido de forma tão única pela marca.
Sim Sukeban mais uma vez mergulha em raízes próprias para contar a história que faz com sua moda. Desta vez, a imigração japonesa ao Brasil. Numa homenagem à própria família, a estilista traz microssaias, jeans rasgados e com interferências e moletons como principais peças, numa cartela de azuis, vermelhos e pretos. Do mar à cada país, o que fica é a vivência de cada capítulo entre cada peça.
Com Robô Bibelô, Le Benites traz ao desfile da marca homônima o mix a que exatamente se propõe o nome da coleção: uma mistura de estruturas com cara de futuristas e a delicadeza das rendas, tecidos mais leves e pele à mostra. Uma ambiguidade que, na passarela, faz de um conceito possibilidade para acontecer.
Fotos: Divulgação/ Marcelo Soubhia/ @agfotosite.