Por Arlindo Grund e Lari Mariano
No último dia da edição 47 da Casa de Criadores, aberto por Vicenta Perrota, vimos mais um diálogo sobre a transvestigeneridade. Intitulado Dandara, o curta apresentado fez referência a um movimento evolutivo, de expandir um conjunto de mente, corpo e espírito, e conseguir resgatar processos. Nas peças, importante destacar o visível upcycling, com retalhos de tecido, formas de muito volume, com saias rodadas, babados e movimento, além de cores vivas e estampas.
Aos resgates também foi Dayane Molina, à frente da NALIMO. Com a coleção Corpo Território, a estilista busca tratar dos temas relacionados à causa indígena, resgatando a história, as raízes e abrindo espaço para temas atuais vividos pela comunidade, como a questão do território, que nomeia o filme e a coleção. Uma moda fluida, com referências étnicas nas estampas, modelos de formas mais retas e afastadas do corpo, conferindo movimento, e marcada pelos tons neutros, que aparecem em maioria.
Com uma visão futurista e ares psicodélicos, a terceira apresentação da noite foi da Vivão, que trouxe uma visão desconstruída em sua forma de fazer moda. Produções construídas com a transparência do plástico, modelagens transgressoras, retalhos de tecidos que conectam estampas e cores vibrantes, fendas, aberturas e comprimentos mais curtos. O cenário que marcou a apresentação foi Salvador.
Da alfaiataria repaginada à inspiração esportiva, a Reif.Life trouxe sua nova coleção, REIF NON, com roupas refabricadas e ressignificadas: upcycling, pensadas por uma rede internacional de colaboradores, que tiveram carta branca para criar com um objetivo: ajudar a cadeia de suprimentos do fazer artesanal no Brasil, após o impacto da pandemia, e promover a aproximação em tempos de isolamento.
Volume, expressão e retorno. Essas são palavras para entender a apresentação de Rober Dognani nesta edição. Num filme preto e branco, apenas com trilha sonora, Rober retornou aos anos 1990 para celebrar a modelo Claudia Liz em produções sempre monocromáticas, que exploraram um volume exagerado e as diferentes texturas – das mangas bufantes aos laços. Um resultado muito forte e com uma carga de estudo de moda enorme. Davi Ramos e Flávia Pomianowisky trouxeram mais teatralidade com um styling bem forte. Claudia no seu melhor papel, dela mesma. Linda e absoluta.
Cinco poetas reunidas para falar sobre a existência de ser mulher negra. Sob as narrativas de Ryane Leão, Carol Dall Farra, Luz Ribeiro, Valentine e Gênesis, a Jal Vieira Brand traz a coleção “minha pele costura a minha história”, para ir além nessa construção. O contar história das peças se fez nos detalhes, onde apareceram predominantemente o branco e as texturas, de drapeados a franjas.
Fotos: Divulgação/ Casa de Criadores.